B o l e t i m Número 51 de Maio 2005 - Ano IV
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N o t í c i a s  

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E D I T O R I A L

  O TIMONEIRO

 

O tema é incontornável: o INESC Porto muda de timoneiro.

De entre as homenagens que serão sinceramente prestadas, a que este Editorial pretende realçar é a da lucidez.

Temos, no nosso universo científico e académico, contagiado pelo lado Negro do Espírito da função pública, uma tradição nefasta que se descreve na interjeição castrense "a antiguidade é um posto". Como sabem, a um Professor Catedrático basta ser incompetente para ser chefe toda a vida.

Ora o exemplo do nosso Pedro Guedes de Oliveira, Presidente da Direcção do INESC Porto, é fracturante. É uma denúncia da atitude de todos aqueles (não preciso de enumerar exemplos) que, chegados por mérito ou milagre ou antiguidade ou amiguismo a um posto de comando, passam a considerar um direito natural e perpétuo lá permanecer. Mesmo que não tenham, ou tenham perdido, o mérito.

E, mesmo que o tenham, a esse mérito tão difícil de avaliar e tão fácil de perceber às vezes, não é habitual terem o mérito ainda mais relevante de compreenderem que a sobrevivência da sua obra se garante pelo seu distanciamento pessoal na hora certa. Ah, todos dirão que sim, mas quão difícil é ter a coragem de reconhecer a hora.

Se Sun San tivesse na verdade existido, teria dito, no condensar da sua antiquíssima e oriental virtude: o homem sábio faz quando os outros ainda sonham, e depois sonha quando os outros ainda fazem.

Não significam estas palavras regozijo pelo afastamento de Pedro Guedes de Oliveira. Significam ainda um último tributo, à sua agudíssima percepção da circunstância, que o moveu quando outros estacionariam.



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