B O L E T I M Número 65 de Outubro 2006 - Ano VI

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INESC Porto entre os signatários dos acordos com o MIT

A excelência venceu fronteiras

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O INESC Porto foi um dos signatários dos acordos entre Portugal e o MIT - Massachusetts Institute of Technology, numa cerimónia que teve lugar a 11 de Outubro no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A colaboração com o instituto americano incidirá nas áreas de Engenharia da Concepção e Sistemas Avançados de Produção e de Sistemas de Energia. Em nome da promoção da capacidade científica e tecnológica nacional, o INESC Porto mostra o seu trabalho e valoriza-se internacionalmente, cumprindo ao mesmo tempo um dos objectivos estratégicos da sua missão.

Antecedentes do acordo
Pondo em prática o Plano Tecnológico, proposto como ideia política mobilizadora das empresas e dos cidadãos em torno do conhecimento, da tecnologia e da inovação, o Governo Português assinou, no dia 25 de Fevereiro, um acordo de colaboração com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) que, segundo declarações do primeiro-ministro, visa “a internacionalização do conhecimento português ao serviço do crescimento económico do País”.

Oito meses depois, o MIT e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) de Portugal anunciaram planos para o início de uma colaboração a longo prazo com vista a alargar significativamente a investigação e o ensino da engenharia e gestão nas principais universidades portuguesas.

Esta iniciativa de longo alcance irá envolver professores, investigadores e alunos de um consórcio de faculdades de engenharia, ciências e tecnologia, economia e gestão em sete estabelecimentos de ensino superior em Portugal, juntamente com um grande número de centros de investigação, laboratórios do Estado e laboratórios associados, entre os quais se encontra o INESC Porto.

Programa MIT Portugal
Este programa foi lançado no Centro Cultural de Belém, numa cerimónia presidida por José Sócrates e onde estiveram presentes o Chanceler do MIT, Phillip Clay e os Directores das Escolas de Engenharia e de Gestão do MIT, Tom Magnanti e Paul Osterman.

Este acordo prevê o lançamento de acções de cooperação científica na área dos sistemas de engenharia, estando previsto um investimento global de 35 milhões de euros nas universidades portuguesas que participem nestes protocolos nos próximos cinco anos.

O objectivo é estimular consórcios nacionais que promovam a internacionalização efectiva das instituições de ensino superior portuguesas, facilitando parcerias que potenciem a oferta de programas a nível internacional, assim como fortalecer o recrutamento de docentes e investigadores.

Avaliação do MIT
De acordo com o comunicado conjunto do Governo Português e do MIT, o estudo de avaliação realizado por este instituto entre Fevereiro e Julho de 2006 recomendava o fomento de projectos de colaboração com as instituições portuguesas, considerando a excelência da investigação encontrada nos centros de investigação portugueses.

Tendo obtido a classificação de Excelente na última avaliação efectuada por peritos internacionais nomeados pelo na altura designado Ministério da Ciência e da Tecnologia, o INESC Porto esteve desde o início envolvido nas áreas de Sistemas de Energia e Sistemas de Produção, tendo recebido várias visitas de delegações do MIT.

Áreas temáticas
Bioengenharia, Sistemas de Transportes, Sistemas de Energia, Engenharia da Concepção e Sistemas Avançados de Produção são as áreas prioritárias no programa de acção resultante do acordo entre Portugal e o MIT. Na área de Gestão foi apresentado um contrato anual de preparação de um Programa Internacional de MBA e uma série de seminários de doutoramento.

As universidades de Coimbra, Porto, Minho, Lisboa, Nova de Lisboa e Técnica de Lisboa, e laboratórios como o INESC Porto e o Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra são algumas das instituições envolvidas.

Segundo o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, este é "um reforço extraordinário da internacionalização da Universidade portuguesa". “O acordo agora assinado é um marco decisivo para o progresso do País porque abre um processo novo e marca um caminho e um nível de exigência que queremos estar à altura para cumprir”, declarou na cerimónia de lançamento do contrato com o MIT.

Sistemas de Energia
Uma das áreas de cooperação entre o INESC Porto e o MIT é a dos Sistemas de Energia, onde o instituto português tem créditos firmados a nível internacional. “Já temos bastante sucesso em algumas áreas científicas e somos consultores na área das energias, o que torna interessante este acordo. É um valor acrescentado”, explica Manuel Matos. O coordenador da Unidade de Sistemas de Energia (USE) desmistifica assim a ideia de que a instituição portuguesa terá descoberto um fórmula secreta para alcançar o sucesso. “São áreas científicas que nos interessam”, acrescenta.

O feito alcançado pelo INESC Porto encerra ainda algum altruísmo positivo para uma boa parte da Nação. “Na prática, vai resultar num consórcio com as universidades portuguesas, o que nos conduzirá a uma maior projecção internacional, acabando por potenciar a investigação em Portugal”, antecipa Vladimiro Miranda, para quem o MIT funcionará como “uma alavanca” gigantesca em termos de visibilidade mundial. “Alguma projecção internacional já tínhamos, mas a partir de agora teremos maior representatividade nos Estados Unidos”, sustenta.

Longe de ser uma solução fácil para problemas ou uma fuga eficaz à crise, o acordo com o MIT é principalmente uma excelente “oportunidade” para os investigadores portugueses. “Servirá para aumentar a capacidade de oferta de Portugal”, sublinha o director do INESC Porto, dando conta de que a USE é uma das unidades mais procuradas por investigadores estrangeiros.

Sistemas Avançados de Produção
A outra área de colaboração entre o INESC Porto e o instituto americano é a da Engenharia de Concepção e Sistemas Avançados de Produção / Engineering Design and Advanced Manufacturing (EDAM), que apesar de visar genericamente a indústria de manufactura europeia, está focada em três sectores alvo: automóvel, aeronáutica e dispositivos médicos.

A actividade nesta área tem como missão desenvolver um novo paradigma europeu de formação em engenharia de concepção e de manufactura de produtos. Para tal, procurar-se-á associar investigação de qualidade elevada a programas curriculares inovadores, de modo a apoiar, em termos de recursos humanos, um novo modelo de competitividade empresarial. Apesar de se referir essencialmente à formação pós-graduada, este programa não se esgota nessa formação. Deverá vir a apoiar projectos piloto que reflictam as necessidades da indústria portuguesa, em particular no sector automóvel.

José Manuel Mendonça recorda que o trabalho já realizado pela Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção (UESP) se prende essencialmente com a área de sistemas logísticos de planeamento da produção fabril. “Trabalhámos nessa vertente há anos com produção científica de nível internacional, colaborando com várias empresas de grande dimensão. Temos, por exemplo, projectos com clusters de empresas fabricantes de bens de equipamento para calçado, que hoje em dia exportam para o Brasil, Espanha, Itália e até para a China, vendendo máquinas e bens de equipamento que incorporam tecnologia criada em colaboração com o INESC Porto. Há ainda outras empresas, como a SONAE Indústria, em que também colaboramos com projectos de investigação e com investigação por contrato”, pormenoriza o presidente.

Pós-graduações com o MIT
Jorge Pinho de Sousa, coordenador da UESP, é o responsável por parte da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) pelos programas de mestrado e de doutoramento a lançar em parceria no âmbito do Programa EDAM. Este projecto de ensino pós-graduado envolve a FEUP, a Escola de Engenharia da Universidade do Minho (UM) e o Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade Técnica de Lisboa, e assume um formato com características inovadoras, por exemplo, no facto de os graus serem concedidos simultaneamente pelas três universidades.

“Este carácter inovador envolve a estrutura curricular, a cooperação inter-universitária e a interacção com o tecido económico-produtivo, constituindo uma clara aposta de internacionalização da oferta educativa das instituições proponentes”, explica Jorge Pinho de Sousa. Por outro lado, “esta iniciativa tem objectivos mais abrangentes ao nível das estratégias das instituições proponentes e do desenvolvimento de recursos humanos para o tecido industrial português”, esclarece.

A construção destes programas teve como orientação prioritária a procura de sinergias entre as várias instituições académicas, visando tirar partido dos pontos fortes de cada uma relativamente às diferentes áreas científicas e tópicos específicos do curso. O programa conta com a colaboração de várias instituições de interface entre a universidade e a indústria, como o INESC Porto e o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), e de diversas empresas, como a Autoeuropa, por exemplo. A FEUP participa no programa com docentes que, na sua maioria, estão ligados ao INEGI e ao INESC Porto. Por outro lado, o INESC Porto, enquanto membro activo do programa, deverá constituir-se como instituição de acolhimento dos participantes, proporcionando-lhes um enquadramento adequado para a realização de investigação de elevada qualidade, em particular no âmbito dos projectos de doutoramento.

Trabalho e competências
Orgulhoso com este acordo, José Manuel Mendonça exorta o trabalho que foi desenvolvido por todos os colaboradores da instituição. “O nosso trabalho foi fundamental para termos sido aceites como parceiros pelo MIT. Além da já referida colaboração ao nível de programas de mestrado e doutoramento, partilhados com a UM e o IST, haverá projectos-piloto, que devem ser ancorados em necessidades industriais concretas, como acontece na indústria automóvel ou na dos dispositivos médicos”, elucida.

Segundo o presidente do INESC Porto, tais projectos ganham pertinência não só por suportarem “trabalhos científicos de elevada qualidade”, como também por funcionarem como uma “ponte entre a excelência da ciência e tecnologia e as necessidades das empresas portuguesas”, finaliza.





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