B O L E T I M Número 64 de Julho/Agosto/Setembro 2006 - Ano VI

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D E S T A Q U E

Entrada de novos associados

Faculdade de Ciências e Instituto Politécnico em sinergia com INESC Porto

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O convite a novas empresas e instituições para se associarem ao INESC Porto foi uma das decisões tomadas na última reunião do seu Conselho Geral, que teve lugar no dia 3 de Abril. A Direcção do INESC Porto informou o Conselho Geral sobre algumas diligências já empreendidas no sentido da adesão, como associados do INESC Porto, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e do Instituto Politécnico do Porto, tratando-se, neste último caso, de retomar um processo já anteriormente iniciado. Ficou decidido que os associados dirigiriam um convite às instituições referidas, devendo a Direcção, na sequência de tal convite, negociar os termos concretos da adesão. A entrada de novos associados foi encarada como uma razão estratégica e não como uma necessidade de reforço do capital associativo.

A história do IPP
O Instituto Politécnico do Porto (IPP) foi criado em 1985 e resultou do relançamento do Ensino Superior Politécnico em Portugal iniciado em 1979. As Escolas Superiores que inicialmente integraram o IPP foram a Escola Superior de Educação (ESE) e a Escola Superior de Música (ESM), que, mais tarde, com a criação do Departamento de Teatro, passou a chamar-se Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo. Actualmente integram o IPP mais cinco Escolas: o Instituto Superior de Engenharia (ISEP), o Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCAP), a Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG), a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras (ESTGF) e a Escola Superior de Tecnologias da Saúde (ESTSP), integrada em Julho de 2004. Cerca de nove anos depois da sua criação, e no uso da autonomia que a lei confere às instituições de Ensino Superior Universitárias e Politécnicas, o Instituto Politécnico do Porto elaborou e aprovou em 1995 os seus Estatutos, definindo a sua missão e finalidades próprias.
As suas sete escolas são dotadas de autonomia científica, pedagógica, administrativa e financeira.

O BIP entrevistou Luís Soares, Presidente do Instituto Politécnico do Porto (IPP) e Baltazar de Castro, director da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) para saber em que medida essa cooperação constitui uma mais valia para as duas instituições.

BIP: Por que razão a cooperação entre o Instituto Politécnico e o INESC Porto não aconteceu mais cedo?
Luís Soares (Presidente do IPP):
A cooperação entre o INESC e o Instituto Politécnico existe há longos anos. Com efeito, é significativo o número de docentes do Instituto Politécnico que, ao longo dos anos, tem vindo a colaborar, inicialmente com o INESC e posteriormente com o INESC Porto, ao abrigo de um protocolo de cooperação existente entre as duas instituições.
Assim, a entrada do Instituto Politécnico como associado corresponde apenas a uma alteração do enquadramento legal e institucional de uma cooperação há muito existente. A alteração desse enquadramento traduz o reconhecimento da cooperação que foi prestada ao INESC Porto pelos docentes vinculados ao Instituto e ocorreu no tempo próprio, em resultado da constatação de que o estreitamento da cooperação e a intervenção do Instituto como associado seria vantajosa para ambas as instituições, face à experiência de uma longa cooperação.

BIP: O que significa para o Politécnico essa cooperação com o INESC Porto?
Luís Soares (Presidente do IPP):
A integração como associado insere-se igualmente na orientação estratégica do Instituto Politécnico de organizar as suas actividades de investigação e desenvolvimento privilegiando o estabelecimento de redes, quer nacionais quer internacionais, que potenciem o desenvolvimento dessa actividades por parte dos docentes da instituição, em resultado da sua progressiva qualificação académica e do crescimento acentuado dos projectos de investigação e desenvolvimento em que intervêm.

Breve historial da FCUP
A Faculdade de Ciências (FCUP) é, desde a sua formação, em 1911, a Escola da Universidade do Porto responsável pelo Ensino das Ciências Exactas e Naturais. Ao longo dos tempos, o ensino ministrado tem sido acompanhado cada vez mais de perto por actividades de investigação e desenvolvimento, o que possibilita a consolidação do rigor científico que caracteriza a sua actividade de formação a nível graduado e pós-graduado.
A Faculdade de Ciências, continuando a ser responsável por licenciaturas em áreas das Ciências Exactas e Naturais, como a Matemática, a Física, a Química, a Biologia e a Geologia, apresenta actualmente uma abordagem transdisciplinar no ensino-aprendizagem, de forma a assegurar uma formação adequada às exigências e expectativas do mundo moderno. Assim, surgem licenciaturas em áreas mais aplicadas, algumas delas com carácter marcadamente tecnológico, outras reúnem competências transversais, constituindo exemplos recentes as de Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos e de Ciências e Tecnologias do Ambiente.

BIP: Sabemos que a Faculdade de Ciências esteve na origem da criação do INESC Porto. Como tudo começou?
Baltazar de Castro (Director da FCUP): No início da década de oitenta, um conjunto de docentes do Departamento de Física, nomeadamente Manuel de Barros, Pereira Leite e José Salcedo, decidiram impulsionar a actividade de I&D em Optoelectrónica na FCUP, na linha do que estava a acontecer em Inglaterra e nos Estados Unidos, onde tinham realizado os seus doutoramentos.
Na altura, uma área com crescimento explosivo no contexto internacional era a das comunicações por fibra óptica. Neste contexto, os docentes mencionados consideraram que seria esse o caminho a seguir. Para se obter o financiamento necessário ao início da actividade, foi possível conseguir o apoio do INESC, presidido pelo Prof. Tribolet e que tinha sido fundado em 1980.Os projectos conseguidos decorreram nas instalações da FCUP e possibilitaram criar equipas de trabalho, massa crítica e dinâmica para desenvolvimentos mais ambiciosos.
Em 1984 conjugaram-se condições políticas para a negociação de um grande projecto na área da comunicação óptica. Os docentes da FCUP acima mencionado e colegas da FEUP elaboraram a proposta desse projecto, designado SIFO (Sistemas Integrados por Fibra Óptica), que foi aprovado com um financiamento substancial (superior a 5 milhões de euros a valores actuais). Esse projecto possibilitou a envolvente institucional e financeira que permitiu a criação do INESC Porto em Maio de 1985.
É assim claro que a FCUP esteve na génese do INESC Porto e tem estado desde essa altura envolvida, através dos seus docentes e estudantes de pós-graduação, na actividade de I&D da instituição, particularmente no domínio da Optoelectrónica, que tem sido desenvolvida em laboratórios da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

BIP: Por que razão a cooperação entre a Faculdade de Ciências e o INESC Porto não aconteceu mais cedo?
Baltazar de Castro (Director da FCUP):
Como referido no ponto anterior, a cooperação entre a FCUP e o INESC Porto aconteceu desde sempre. É um facto que não formalmente. Hoje é difícil de perceber porque é que isso não aconteceu, até porque nunca existiram razões efectivas que obstacularizassem essa formalização. De qualquer forma, o importante é que isso está agora a acontecer, indicando claramente o empenhamento das duas instituições neste projecto, tão inovador hoje como ontem, de enquadramento da actividade de I&D e de transferência de tecnologia.

BIP: O que significa para a Faculdade de Ciências essa cooperação com o INESC Porto?
Baltazar de Castro (Director da FCUP): A cooperação formal entre a FCUP e o INESC Porto irá permitir o conhecimento recíproco das estratégias de desenvolvimento das duas instituições e, quando possível, a sua articulação. Os benefícios que daí decorrem são evidentes, sendo assim razoável esperar resultados com valor acrescentado relativamente ao que tem sido conseguido até ao presente.

O reforço do sentimento de pertença
Na opinião de Graça Barbosa (DIL), "a principal mais-valia da adesão da FCUP e do IPP ao INESC Porto é a consolidação das relações que se têm vindo a estabelecer desde longa data e, pelo menos assim se espera, o reforço do sentimento de pertença dos investigadores dessas instituições que colaboram nas actividades do INESC Porto. Numa perspectiva mais pragmática, o facto de os investigadores terem como instituição de origem um associado do INESC Porto, aumenta a legitimidade da sua participação nas actividades e projectos do INESC Porto.
Parece-me ainda que o interesse manifestado por estas instituições em aderir ao INESC Porto, demonstra que as mesmas acreditam no Projecto INESC Porto e pretendem ter uma voz activa na condução do seu destino. Assim será, pois cada uma delas irá designar um membro para o Conselho Geral do INESC Porto, os quais passarão a participar nas decisões mais importantes da vida deste instituto”.



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